FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL DAS ONGS: A SUSTENTABILIDADE COMEÇA AQUI
Por PABLO ROBLES* - 08/10/2015
Mudar o mundo. Esse é o lema que une (ou deveria unir) as instituições e movimentos da sociedade civil. Contudo, a prática parece muitas vezes distante da teoria.
Audemars Piguet Replica Watches Os resultados alcançados, não raro, mostram-se aquém dos sonhos almejados. Onde está o problema? Por que uma missão tão nobre, necessária e consensual – mudar o mundo – encontra tantos obstáculos no universo da sociedade civil organizada?
Não estou sendo pessimista nem sugerindo que mudar o
Zenith Replica Watches mundo é impossível. Mudar o mundo é a nossa causa: a minha, a sua e de todas as entidades e grupos que abraçaram o desafio de se organizar coletivamente (de maneira juridicamente formalizada ou não) em prol de melhorias para sua comunidade, para populações desfavorecidas, para a cidade e para o meio ambiente, no âmbito das mais diversas temáticas, linhas e estratégias de atuação.
Partindo da premissa, frequentemente ouvida entre os agentes sociais, de que a captação de recursos é a dificuldade número 1 da sociedade civil, devemos então nos perguntar: Somos insustentáveis? Claro que não! Esse discurso da “carência financeira” é contraproducente. Não podemos esquecer que, em seu conjunto, a sociedade civil é feita de gente sensível, competente, solidária e combativa. E essa gente, vale frisar, é o “recurso” fundamental, indispensável e mais valioso das comunidades e suas expressões organizativas.
Afinal, todo mundo tem valores, conhecimentos,
breitling bentley replica ideias, experiências, habilidades, atitudes e contribuições que podem ser disponibilizadas de alguma forma para o bem comum. Dizer que não se tem alguns minutos por dia para fazer ou inspirar o bem não serve como desculpa. Às vezes uma simples ideia, uma sincera orientação e uma recomendação de contato podem ser cruciais para viabilizar, salvar e fortalecer um importante projeto operado em seu bairro. A solidariedade não é um apêndice da existência; é o alicerce da felicidade coletiva.
Em nossa concepção, a captação de recursos não é (e talvez nunca tenha sido ou será) o principal desafio da sociedade civil. Recursos jamais faltariam se houvessem estratégias adequadas para identificá-los, potencializá-los, retê-los e multiplicá-los. Entendemos que o gargalo maior da sociedade civil é a falta de estratégias, inclusive para sensibilizar pessoas, apoios e soluções para a consecução de suas atividades, serviços e ideais.
Traduzindo essa problemática em termos construtivos e objetivos, afirmamos que a construção da sustentabilidade das organizações não governamentais (ONGs) começa pelo fortalecimento institucional. Tais atores, juntamente com os movimentos sociais, ilustram bem a vocação associativa e emancipadora da sociedade. Vocação esta que passa ao largo da quantidade de dinheiro a serviço desses coletivos. O que está em jogo, acima de tudo, é a qualidade da estratégia estabelecida e atualizada para dar vitalidade mínima aos anseios comunitários.
O fortalecimento (ou desenvolvimento) institucional é justamente a conversão de todo esse arsenal estratégico em uma filosofia de trabalho que potencialize os meios existentes e garanta o êxito dos resultados perseguidos, mesmo quando as condições se mostrem adversas. Ter dinheiro e investimentos é ótimo e sempre desejável. Mas não ter sabedoria institucional para driblar as contingências e buscar alternativas é algo muito mais preocupante.
Convém salientar que os recursos, ativos e acúmulos estratégicos (organizados para fins genuinamente sociais) são gratuitos e abundantes. Visite uma comunidade “carente”, conviva um pouco com seus moradores e você confirmará essa tese. A precariedade das moradias é inversamente proporcional ao espírito solidário que reina entre seus habitantes. Táticas diversas são forjadas para tentar manter suas necessidades e dignidades em dia.
É claro que as comunidades não podem ser desamparadas pelas políticas públicas e investimentos privados. Reivindicar isso com propostas, inclusive, é uma soberana estratégia, pois sabemos que os governos não podem se eximir de suas responsabilidades e as empresas precisam humanizar seus paradigmas de mercado. A sociedade civil, por outro lado, ao se mostrar refém do círculo vicioso da falta de grana para tocar seus projetos, se acomoda e perde sua brilhante criatividade, abortando as estratégias que deveriam ser acionadas para agigantá-la e recolocá-la na marcha proativa do fortalecimento institucional.
Em vez disso, se aprendermos a enxergar as crises como oportunidades de reinvenção e superação, o mundo e o universo agradecerão. Não são os poderes individuais de cima que vão realinhar as órbitas de uma civilização à deriva. O bastão da esperança está (e do ponto de vista revolucionário sempre esteve) no andar primário, anônimo e legítimo das populações e fazeres coletivos de baixo, cuja maior e mais democrática tecnologia chama-se utopia.
PABLO ROBLES é Diretor Presidente do Instituto Sinergia Social.
E-mail: pablodosocial@gmail.com